DIONNE WARWICK
15 de Agosto de 2008
Via Funchal (SP)Dionne Warwick, uma das divas da canção norte-americana, está novamente no Brasil. Seus shows continuam atraindo bom público, como se viu na noite de sábado, 16 de agosto, na
Via Funchal, em São Paulo. No repertório, predominantemente obras-primas do maestro, arranjador e compositor
Burt Bacharach (que a descobriu e a transformou em estrela) em parceria com o letrista
Hal David. Até aí, tudo bem. Mas a coisa pecou na execução. Aos 67 anos,
Dionne adapta constantemente o tom das canções para sua condição vocal de momento. Continua com voz belíssima, e cada vez mais grave. Mas falta vida às interpretações. Ela está cantando visivelmente com o piloto automático ligado. Quem já viu algum de seus shows, nota que o medley que faz com canções de
Bacharach & David é sempre o mesmo (ela canta também números isolados da dupla). No show atual,
Dionne Warwick & Family, ela oficializa de vez as presenças do filho,
David Elliott, e da neta,
Cheyenne, que já a acompanharam em temporadas anteriores.
David abriu o show cantando quatro canções de seu repertório, acompanhado por play back. Mais fake, impossível. Pior: quatro temas de rhythm'n'blues modernoso, verdadeiras babas cheias de 'yeahsss', e 'whowsss'. Cheyenne participou fazendo um dueto com a avó e cantando sozinha, também com play back, Put Your Records On, hit bobinho da enfadonha Corinne BAiley Rae. A menina, de treze anos, é uma cantora comum, dessas que existem aos montes nos karaokês da vida. Ou seja, as participações dos outros membros do clá Warwick só atrapalharam e quebraram o ritmo do show.
Outro ponto: Dionne estava visivelmente mal humorada. Interrompeu a canção Heartbreaker para exigir que uma perua na platéia parasse de filmar com seu indefectível celular, praga que se dissemina em shows e que gera vídeos de horrenda qualidade, que por sua vez infestam o YouTube. Até aí, a estrela estava certíssima. Em outro ponto, na hora de apresentar os músicos, deu uma bronca na platéia por achar a recepção fria. Quanto ao repertório, Bacharach & David em profusão, com Walk On By, Do You Know The Way To San Jose, You'll Never Get To Heaven, Anyone Who Had a Heart, Message To Michael, This Guy's In Love With You, I'll Never Fall In Love Again, Alfie, I Say a Little Prayer (numa versão modernosa em dueto com David) e Do You Know The Way To San Jose (em levada de salsa, do modo como regravou com a saudosa Celia Cruz), e também I'll Never Love This Way Again (do disco Dionne, que a recolocou no topo do hit parade americano em 1979, produzido por Barry Manilow), um medley com clássicos da Bossa Nova e, fechando a noite, That's What Friends Are For (de Burt Bacharach e Carole Bayer Sager). Seleção musical dez - apesar de algumas adaptações de gosto duvidoso -, empolgação dois, satisfação um e meio. Dionne Warwick ficou devendo. Provavelmente volta em 2009, mas de preferência é bom que deixe a família em casa...