A cantora e compositora portuguesa Eugénia Melo e Castro é uma das mais importantes artistas contemporâneas. Profundamente ligada às tradições musicais de Portugal e Brasil, faz discos com canções dos dois países. Pelo Brasil tem profunda afeição e é respeitada por todos os grandes nomes da nossa música popular. Três de seus CDs estão sendo lançados aqui simultaneamente, pela gravadora Atração. Na verdade, trata-se de uma reedição e dois trabalhos inéditos.
Eugénia Melo e Castro Canta Vinícius de Moraes saiu originalmente em 1994 pela Som Livre. Co-produzido por Eugénia e Wagner Tiso, traz a intérprete criando algumas das mais belas canções de Vinícius, com a sabedoria de não se ater somente a temas mais conhecidos. Ela explora, na maioria, obras pouco divulgadas do Poetinha. O resultado é deslumbrante. Eugénia dá leituras emocionantes a canções como Chora Coração (Vinícius/ Tom Jobim), Amor Em Lágrimas (Vinícius/Claudio Santoro), Canção do Amanhecer (parceria com Edu Lobo) e Medo de Amar (Vinícius). Participações especiais de Tom Jobim (em Canta, Canta Mais, uma de suas últimas gravações), Adriano Jordão (Derradeira Primavera) e Egberto Gismonti (Modinha e Canção do Amor Demais). Uma das faixas do disco original, Canção do Amor Ausente (Vinícius/ Baden Powell) não entrou nesta reedição.
Paz, de 2003, é inédito no Brasil, apesar de ter sido gravado em São Paulo. Foi lançado originalmente pela Som Livre em Portugal. Trata-se de trabalho conceitual, praticamente todo construído sobre poemas escritos por Eugénia Melo e Castro na adolescência e início da vida adulta. São versos que questionam valores como amor, ausência, solidão. Das treze canções, onze têm melodia de Eduardo Queiroz, diretor musical do CD. As exceções são Dentro (melodia de Pilar Homem de Mello) e Velho Mar (de Yório Gonçalves). Instrumentos acústicos que fazem sons similares aos de aparatos eletrõnicos. É um trabalho instigante e provocante.
POPortugal, de 2007, traz Eugénia dando sua visão a um mostruário abrangente da produção pop portuguesa a partir dos anos 70. De modo peculiar e inovador, a cantora recria temas que se tornaram clássicos em Portugal, dando-lhes novas roupagens. Todas as canções são belíssimas, entre elas Se Quiseres Ouvir Cantar e Eu Sou, de Tozé Brito, Sonho Azul e Amor, de Pedro Ayres Magalhães, o líder do grupo Madredeus, Se Eu Fosse Um Dia o Teu Olhar, de Pedro Abrunhosa, artista ligado ao rap e ao hip hop, Põe Os Teus Braços à Volta de Mim, de Antonio Pinho e Nuno Rodrigues, Asas (Eléctricas), de Rui Reininho e Tóli César Machado, e Sozinha Pelas Ruas, de Tiago Torres da Silva e Pilar Homem de Mello. A direção musical é de Eduardo Queiroz, que vem trabalhando com Eugénia em seus discos mais recentes. Ainda em 2008 será relançada pela Atração a coletânea Duextos X 16, com a cantora ao lado de grandes nomes da MPB. O disco saiu originalmente em 2001 com o título Eugénia Melo e Castro.Com. Trabalhos de qualidade, por uma artista incomum.
Site oficial: www.eugeniameloecastro.com
Eugénia Melo e Castro em Asas (Eléctricas) (Rui Reininho/Tóli César Machado), do CD POPortugal (Atração, 2008)
Um comentário:
O do Vinícius é mesmo maravilhoso. Comprei o meu ontem :)
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