O ano de 2009 foi musicalmente repleto de informação. Tivemos novidades, perdas sentidas, grandes emoções, alguns sustos. Começando pelas perdas, o Brasil ficou sem um dos seus mais inteligentes e completos artistas. Em 22 de maio partia o cantor, compositor, produtor, arranjador, jornalista, escritor, publicitário, ator e gastrônomo Zé Rodrix. Um dos mentores do rock rural ao lado de Luiz Carlos Sá e Guttemberg Guarabyra, Rodrix marcou a música brasileira por canções de extrema qualidade – basta citar Casa no Campo, parceria com Tavito, eternizada por Elis Regina – e deixou obra literária de peso (escreveu três livros fenomenais sobre a Maçonaria e preparava mais obras sobre o assunto). Como publicitário, criou jingles inesquecíveis para clientes como a General Motors, Lojas Marisa e Fininvest. Quem nunca sonhou em passear ouvindo ‘o silêncio de um Chevrolet’? Quem nunca assobiou ou cantarolou o mote ‘de mulher pra mulher… Marisa’? Quem não se deixou secuzir pela certeza de que ‘na Fininvest dá’? Mas acima de tudo, quem nunca quis uma casa no campo onde se pudesse guardar os livros, os discos e nada mais? Zé Rodrix deixou um vazio na cultura brasileira impossível de ser preenchido.
A cena internacional se comoveu com os desaparecimentos de Michael Jackson e Mercedes Sosa. O Rei do Pop partiu em 25 de junho por overdose de medicamentos. Era sabida sua dependência. Pairam dúvidas sobre o responsável pela ingestão dos remédios. Teria sido o próprio cantor ou seu médico? Muitas perguntas ficaram sem resposta. Em outubro foi lançado nos cinemas o documentário This Is It, com cenas dos últimos ensaios para a turnê que ele faria a partir de julho em Londres. O DVD sairá em janeiro de 2010, com forte tendência a se tornar um campeão de vendas.
La Negra nos deixou em 4 de outubro. Calou-se a voz da resistência, do protesto contra as injustiças sociais que tanto torturaram e torturam os povos latinos. Mercedes Sosa não cantou somente por sua terra, a Argentina, mas cantou o direito pela liberdade de todos os povos. Impossível esquecer a voz da intérprete em hinos como Gracias a La Vida e Solo Le Pido a Dios.
Tivemos em 12 de agosto também a perda de Les Paul, o lendário músico que criou uma linha de guitarras simplesmente fantástica, as Gibson Les Paul, e criou a técnica do overdub, que permite a sobreposição e consequente multiplicação de sons em gravações, recurso utilizado por diversos artistas, entre eles os Carpenters.
No quesito sustos ninguém superou Susan Boyle. A desajeitada dona de casa escocesa assombrou o mundo ao participar do programa de TV Britain’s Got Talent cantando I Dreamed a Dream, tema do musical Les Miserables. Ninguém dava nada por aquela senhora gorducha e mal vestida, mas quando ela abriu a boca, não houve como resistir. Susan lançou no final do ano seu primeiro disco, que segue ponteando os hit parades em vários países.
Outro susto foi o surgimento de Lady Gaga. A estranha cantora veio disposta a tomar o trono pop feminino de Madonna. A moça usa e abusa da sensualidade, por vezes resvalando na grosseria explítica. Ainda lhe falta muito, principalmente talento, mas seu marketing pessoal é forte. O jeito é aguardar pra ver no que vai dar.
Por aqui, um fenômeno de extremo mau gosto. A cantora Stephany ocupou generosos espaços na midia com sua horrenda versão para A Thousand Miles, de Vanessa Carlton, batizada de Eu Sou Stephany No Meu Cross Fox. A coisa cresceu tanto que ela chegou a participar do Caldeirão do Huck, com o apresentador pedindo publicamente para que fosse autorizada a gravação da canção (Vanessa Carlton, sabiamente, não permitiu).
O Rei Roberto Carlos comemorou meio século de carreira com diversos concertos e homenagens. Cantoras fizeram um show no Teatro Municipal de São Paulo que rendeu e CD e DVD Elas Cantam Roberto. Ele fez também um grande concerto no Maracanã, que sairá em breve também em CD e DVD.
Grandes nomes da música internacional visitaram o Brasil. Tivemos o maestro, arranjador e compositor Burt Bacharach em cinco concertos memoráveis. Elton John, Kiss, James Blunt, Julio Iglesias, Charles Aznavour, Motörhead, Liza Minnelli, Sisters Of Mercy, Commodores, Dianne Reeves, Beach Boys, Cat Power, Chuck Berry, Lily Allen, Living Colour e Twisted Sister, entre outros, também passaram por aqui. E assim foi o panorama musical de 2009. Em 2010 espero poder trazer boas notícias como a diminuição efetiva dos preços de CDs e DVDs e o surgimento de um número cada vez maior de novos talentos. Desejo a você, que sempre prestigia o ACORDES, e a você, que está nos conhecendo agora, um Ano Novo repleto de Felicidade, Paz, Saúde e Sucesso!
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