Mais uma vez os veteranos mostraram suas velhas e infalíveis armas. Senão, vejamos: neste campo estão U2, Rod Stewart, Willie Nelson, Fito Paez. E há Michael Bublé, que reza na cartilha da tradição.
U2 – No Line On The Horizon – Island/Universal – Puristas torceram o nariz, acusando o U2 de ter diluído seu som, mas o fato é que a banda irlandesa seguiu mostrando competência. No Line On The Horizon tem lá seus timbres eletrônicos e canções que podem soar para alguns como pop descartável, como sons distantes dos que caracterizaram sua trajetória de sucesso, mas o fato é que Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. seguem detentores da receita da qualidade. Co-produzido por Brian Eno, Daniel Lanois e Steve Lillywhite, o álbum explora sonoridades diversas, viajando entre pop, rock e climas orientais. As letras falam de amor, incredulidade, esperança, política, desigualdade social, temas recorrentes na obra da banda. As guitarras de The Edge surgem vigorosas em Magnificent, Breathe e No Line On The Horizon. A voz de Bono segue firme e desafiadora, por vezes rascante e lancinante. E há pelo menos uma canção candidata a se tornar clássico, a imponente Moment Of Surrender. Trabalho competente, o U2 segue firme e forte no primeiro time do rock, para desespero de seus detratores. Site: www.u2.com
WILLIE NELSON – American Classic – Blue Note/EMI - Em 1978 o astro country Willie Nelson lançou o álbum Stardust, em que interpretava clássicos da música americana com arranjos country. A até então pouco explorada mistura deu resultado e Nelson foi para o topo do hit parade. Em 2009, 31 anos depois, ele voltou ao gênero com o belíssimo American Classic. Produzido por Tommy LiPuma, expert no gênero, American Classic traz arranjos de Johnny Mandel. A voz anasalada e inconfundível do bom e velho Willie aparece emoldurada ora por belos arranjos de cordas, ora pela formação piano-órgão-baixo-bateria. O repertório é de primeira linha, com maravilhas como The Nearness Of You (Hoagy Carmichel/Ned Washington), Come Rain Or Come Shine (Harold Arlen/Johnny Mercer), Ain’t Misbehavin’ (Fats Waller), On The Street Where You Live (Alan Jay Lerner/Frederick Loewe), tema do musical West Side Story, e Always On My Mind (Christopher/James/Johnson), que estava também no disco de 1978. Participações especiais de Diana Krall (em If I Had You, de Connely, Campbell e Shapiro) e Norah Jones (Baby, it’s Cold Outside, de Frank Loesser). Site: www.willienelson.com
MICHAEL BUBLÉ – Crazy Love – Reprise/Warner - O canadense Michael Bublé é um dos mais legítimos herdeiros da nobre linhagem dos saloon singers, ou seja, cantores de salão, termo criado nos anos 30 para classificar intérpretes notáveis que surgiam à época como Bing Crosby e Frank Sinatra. O cantor e compositor lançou em 2009 Crazy Love, com produção do expert David Foster. No repertório, releituras inspiradíssimas de standards além de composições próprias. Entre os clássicos estão Cry Me a River, All Of Me, All I Do Is Dream Of You, Georgia On My Mind e Stardust, além de obras-primas do pop/rock como Heartache Tonight, dos Eagles, e Baby (You’ve Got What It Takes), canção gravada em 1962 pelos maravilhosos Brook Benton e Dinah Washington. Bublé também mostra talento como compositor, são dele Hold On e Haven’t Met You Yet. O disco tem participações especiais de Sharon Jones (dueto em Baby (You’ve Got What It Takes)) e do grupo vocal Naturally 7 (em Stardust). Os arranjos são excepcionais, ora com orquestra, ora com trio de jazz. A voz de Michael Bublé é capítulo à parte. Cantor afinadíssimo, tem suíngue e leveza, o que lhe permite transitar com segurança por jazz e pop. Site: www.michaelbuble.com
ROD STEWART – Soulbook – J Records/Sony – Depois de quatro discos com standards da canção americana e um com clássicos do rock, Rod Stewart apostou na máxima de que ‘em time que está ganhando não se mexe’. Lançou novo songbook, dedicado a clássicos da soul music americana. Rod coloca a voz rouca a serviço de canções que marcaram sua formação musical. O repertório só tem maravilhas, todas excepcionalmente bem interpretadas. O cantor dá um banho em temas como Rainy Night In Georgia (clássico eternizado por Brook Benton), What Becomes Of The Broken Hearted (Jimmy Ruffin), Love Train (tema que marcou o Philly Sound, a soul music feita na Filadélfia e que teve como mentores os geniais compositores/produtores Kenny Gamble e Leon Huff; a canção foi gravada pelos O’Jays), You Really Got a Hold On Me (Smokey Robinson & The Miracles), Wonderful World (Sam Cooke), If You Don’t Know Me By Now (lançada por Harold Melvin & The Blue Notes e que fez sucesso também com o Simply Red) e Just My Imagination (Running Away With Me) (The Tempations). Rod Stewart faz duetos com Mary J. Blige em You Make Me Feel Brand New (The Stylistics) e com Jennifer Hudson em Let It Be Me (versão para o inglês de Je t’appartiens, de Gilbert Becaud, gravada pelos Everly Brothers). Stevie Wonder comparece com sua harmônica em My Cherie Amour e Smokey Robinson faz vocalizações em The Tracks Of My Tears. Disparado, um dos melhores lançamentos internacionais de 2009. Site: www.rodstewart.com
FITO PAEZ – No Sé Si Es Baires O Madrid – Sony - Um dos nomes mais importantes da moderna música argentina, o cantor e compositor Fito Paez faz sucesso em vários países com suas canções que vão de críticas sociais contundentes ao romantismo escancarado, passando por observações do cotidiano. Este belo disco foi gravado ao vivo em 24 de abril de 2008 no Palácio De Los Congressos em Madri. Paez revive grandes êxitos da carreira em duetos com convidados especiais. Entre os cantores estão Pablo Milanés (em Yo Vengo a Ofrecer Mi Corazón), Joaquín Sabina (Contigo), Ariel Rot (Giros) e Gala Evora (Un Vestido y Un Amor). Fito Paez canta sozinho temas como Mariposa Tecknicolor, 11 y 6, El Amor Después Del Amor e Al Lado Del Camino. De suas canções mais conhecidas ficaram de fora Trac Trac e Circo Beat. Mas isso não tira o brilho do álbum. Fito Paez é craque. MySpace: www.myspace.com/fitopaez
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