A morte do grande Jamelão, ocorrida neste sábado aos 95 anos no Rio de Janeiro (onde nasceu) por falência múltipla de órgãos, entristece a música popular brasileira em vários sentidos. Perdemos um cantor excepcional, o samba-enredo ficou sem sua voz mais significativa, a música romântica está inapelavelmente desfalcada das interpretações sensíveis e envolventes do artista. Além de notável intérprete - e não 'puxador', expressão que ele detestava - de sambas da Estação Primeira de Mangueira, Jamelão (José Bispo Clementino dos Santos) eternizou sambas-canção de Lupicínio Rodrigues, Ari Barroso e Lúcio Cardim, entre outros autores.
É impossível não associar a imagem do artista a clássicos como Vingança, Folha Morta, Matriz ou Filial. Seus LPs feitos na Continental com acompanhamento da Orquestra Tabajara, do maestro Severino Araújo, são antológicos. Jamelão gravou mais de 60 discos. O último foi Cada Vez Melhor, lançado pelo selo independente paulistano Obi Music em 20 03, e reeditado em 2007 pela Zaid Records. No repertório, releituras de clássicos como Matriz ou Filial, Ela Disse-me Assim, Nossos Momentos, Nunca e Piano na Mangueira. Belo legado.
Jamelão interpreta, ao lado de Chico Buarque, o samba Piano na Mangueira (Chico Buarque/Tom Jobim)
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