A HISTÓRIA, ENFIM, COMPLETA

CAETANO VELOSO                                           
Quarenta Anos Caetanos 1995-2007 
Mercury/Universal

Chega ao mercado a quarta e última caixa da série Quarenta Anos Caetanos, que reune a discografia de Caetano Veloso. Organizada pelo jornalista e pesquisador Rodrigo Faour, traz os discos lançados pelo compositor baiano entre 1995 e 2007. Zii e Zie, o mais recente, de 2009, não está, portanto, na caixa. Metade dos álbuns foi gravada ao vivo, o que comprova o gosto da família Veloso por essa prática, visto que Maria Bethânia vem fazendo CDs e DVDs desse modo há tempos.

O primeiro disco é Fina Estampa Ao Vivo (1995), gravado no antigo Metropolitan, hoje Citibank Hall, no Rio. Traz canções latinas presentes no álbum Fina Estampa, de 1994, e temas brasileiros como Haiti (Caetano/Gilberto Gil) e Canção de Amor (do humorista Chocolate e Elano de Paula, irmão de Chico Anysio). O disco seguinte, Livro (1997)  teve como hit Não Enche, canção que fez sucesso à época do lançamento e em 2007, quando foi incluída na trilha da novela Paraíso Tropical. Em 1998 veio Prenda Minha Ao Vivo, gravado também no Metropolitan (RJ) e que vendeu mais de um milhão de cópias graças à releitura de Sozinho, canção de Peninha que invadiu as rádios do país inteiro. Em 1999 saiu Omaggio a Federico e Giulietta, gravado na Itália e dedicado ao cineasta Federico Fellini e sua mulher, a atriz Giulietta Masina, paixões de Caetano desde a infância.

Os álbuns de 2000 e 2001, Noites do Norte e Noites do Norte Ao Vivo, este um CD duplo gravado parte no DirecTV Music Hall, atual Citibank Hall, em São Paulo, parte na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, reforçam os laços de Caetano Veloso com a questão da negritude através da farta percussão afro-baiana. O disco ao vivo teve participação de Lulu Santos em Como Uma Onda (Lulu/Nelson Motta). O CD de 2002, Eu Não Peço Desculpa, gravado com Jorge Mautner, tem ares tropicalistas. O sucesso foi o country Todo Errado (Mautner), num álbum que traz também, entre outras, Maracatu Atômico (Mautner/Nelson Jacobina) e o Hino do Carnaval Brasileiro (Lamartine Babo).

O elegante A Foreign Sound, de 2004, traz Caetano abordando canções americanas de várias épocas como So In Love (Cole Porter), Come As You Are (Kurt Cobain), Love Me Tender (Elvis Presley/Vera Matson), Nature Boy (Eden Abbez) e The Man I Love (George & Ira Gershwin), além da brasileiríssima Feelings (Morris Albert). Os dois discos seguintes, Cê e Multishow Ao Vivo – Caetano Veloso Cê, respectivamente de 2006 e 2007, trazem o baiano cercado por músicos da novíssima geração, mesclando sonoridades que vão de bases acústicas a efeitos eletrônicos em repertório de rocks e baladas. O registro ao vivo, gravado em 2007 na Fundição Progresso, no Rio, inclui clássicos do compositor como Nine Out Of Ten e Como Dois e Dois em novos arranjos.

Como nas caixas anteriores, esta ven com um CD bônus, Que de-Lindo, com gravações raras de Caetano Veloso e registros extraídos de projetos especiais ou trabalhos de outros artistas. Entre as faixas estão A Luz de Tieta, tema do filme Tieta do Agreste (dueto com Gal Costa), Céu de Santo Amaro (com Caetano e Flávio Venturini), Vá Morar Com o Diabo (com o também baiano Riachão), Cheek To Cheek (dueto com Cauby Peixoto), Você Não Me Ensinou a Te Esquecer (Fernando Mendes), do filme Lisbela e o Prisioneiro, Ó Pai, Ó (com Jaupéri), tema do filme homônimo, e Boa Palavra (dueto com Maria Odette; a canção foi lançada por ela no festival da TV Record de 1966). Acompanha luxuoso livreto com informações sobre todos os discos. Trabalho de fôlego e muita qualidade.

www.caetanoveloso.com.br