O primeiro disco de Aretha surpreende. A cantora e compositora, filha de Antonio Marcos e Vanusa, que se tornou conhecida ao participar de maravilhosos especiais infantis de televisão nos anos 80, assimilou dos pais duas características básicas: o lirismo interpretativo e a força autoral. Aretha, o disco, tem produção da artista e de seus músicos, entre eles o guitarrista Esteven Sinkovitz, e passeia por um universo que vai do tango à balada, do blues ao reggae, tudo com as doses certas de paixão, drama, ironia impressas com personalidade pela cantora. Como compositora, Aretha mostra o DNA através de A Mulher do Sacana e Tudo Que Posso Com Você. Canções que destilam amor, força, raiva, inconformismo.
O repertório tem também releituras inspiradas para Resposta Ao Tempo (Aldir Blanc/Cristõvão Bastos), bolero desconstruído através de arranjo concebido com base em bem colocados teclados, Non, Je Ne Regrette Rien (Michel Vaucaire/Charles Dumont), epitáfio musical de Edith Piaf, tornado blues na não menos dramática leitura de Aretha, A Little Less Conversation (Billy Strange/Mac Davis), pérola do repertório de Elvis Presley descoberta há alguns anos e que recebe vestimenta rock’n’roll da cantora, e Because (John Lennon/Paul McCartney), gravada por ela para um dos projetos especiais de Marcelo Fróes dedicado aos Beatles. Há outras ótimas canções como o reggae-blues Malabarista (Marília Duarte), o tango Escada Abaixo (Eduardo Pitta/Xande Mello) e o ragtime Na Telha (Kléber Albuquerque). Aretha tem luz e competência. Expõe o que lhe vai pela alma sem rodeios. Esse é um dos seus grandes méritos.
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