domingo, 13 de dezembro de 2009

SIMONAL: ENFIM, A JUSTIÇA

WILSON SIMONAL 2 A vida de Wilson Simonal (1938-2000) pode ser dividida entre sucesso e ocaso, entre glória e obscuridade, entre aplausos e solidão. E nada disso soa demagógico. Pelo contrário, serve para definir o que eram e no que se transformaram a vida e carreira de um dos melhores cantores brasileiros – e o maior entertainer de todos. Um dos mais versáteis do planeta. Na segunda metade dos anos 60 Wilson Simonal era fenômeno de popularidade. Um dos principais artistas do cast da gravadora Odeon e comandante de um programa de enorme sucesso na TV Record, Simona, o inventor da ‘Pilantragem’, o homem capaz de enfeitiçar plateias e comandá-las com impressionante facilidade, de repente se viu envolvido numa intrincada trama que tinha elementos como um contador sequestrado e espancado e um mal-entendido que o levou a ser taxado de delator da classe artística junto às ‘forças revolucionárias’.

SIMONAL Enquanto viveu e teve forças, Wilson Simonal lutou para que a verdade viesse à tona. Não conseguiu. Morreu em 2000, com um fio de voz, derrotado por uma séria doença hepática. Morreu de desgosto, esse é o fato. Passados nove anos de seu desaparecimento, o cantor volta a ser mito através do excepcional documentário Simonal: Ninguém Sabe o Duro Que Dei, de Cláudio Manoel (humorista da trupe Casseta & Planeta), Micael Langer e Calvito Leal (lançado agora em DVD pela Biscoito Fino) e da biografia Nem Vem Que Não Tem: A Vida e o Veneno de Wilson Simonal, de Ricardo Alexandre (Editora Globo). Além de trazer detalhadamente a história de vida e carreira de Wilson Simonal, documentário e livro se complementam. Ora um se aprofunda mais num tema, ora outro traz mais detalhes sobre determinada questão. Aspectos nebulosos como a verdade sobre o sequestro e espancamento aos quais teria sido submetido o contador do cantor, Rafael  Viviani, o banimento do artista da programação das rádios e tevês e a retirada de seus discos de catálogo são abordados sem meias palavras.

WILSON SIMONAL O documentário tem linguagem visual pop e narrativa muito bem costurada, com direito a raríssimas imagens de arquivo, principalmente das TVs Tupi, Globo e Record, e depoimentos de nomes como Luiz Carlos Miéle, Nelson Motta, Chico Anysio, Pelé, Ziraldo, Ricardo Cravo Albim e os filhos Wilson Simoninha e Max de Castro. Nos extras do DVD estão, entre outras imagens, a chegada dos diretores do filme à casa de Rafael Viviani e a reação deste e da esposa diante do motivo da visita, e uma melancólica apresentação de Simonal para uma plateia de pouco mais de cinquenta pessoas no Pelourinho, em Salvador, nos anos 90. O livro, além de minucioso trabalho investigativo, tem vasto material fotográfico e análise detalhada da discografia completa do cantor, incluindo os discos lançados fora do Brasil. Wilson Simonal pagou um preço alto demais por ser um ídolo, por ser um negro bem sucedido, por palavras ditas fora de hora em contextos errados. Mas a justiça foi feita, hoje nada mais paira sobre ele. A lamentar, sua ausência. O documentário Simonal: Ninguém Sabe o Duro Que Dei e a biografia Nem Vem Que Não Tem: A Vida e o Veneno de Wilson Simonal são documentos que atestam a história de um dos maiores ídolos brasileiros.

SIMONAL: NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI                     
Documentário de Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal – Biscoito Fino

Colorido e preto e branco, 160 minutos                       
Extras: cenas inéditas, apresentação de Simonal ao vivo em Salvador, segmentos de televisão
Áudio: Dolby Digital 5.1, Dolby Digital 2.0
Região 0

NEM VEM QUE NÃO TEM: A VIDA E O VENENO DE WILSON SIMONAL
Ricardo Alexandre – Editora Globo                           
400 páginas
Formato: 16 x 23 cm (opções de capa em azul e amarelo) – Preço: R$ 31,90

4 comentários:

Meire disse...

Caro Toninho, parabéns, o seu texto é excepcional. Tomei a liberdade de postá-lo em meu blog (com os devidos créditos), onde reúno textos sobre o grande Simona: http://meirebottura.blogspot.com/2009/12/simonal-enfim-justica.html

Caso se oponha, por favor, não hesite em dizer. A propósito, convido-o a dar uma passadinha por lá - será uma honra (você fez parte da minha adolescência!).

Abraços.

TONINHO SPESSOTO disse...

Meire, fiquei profundamente sensibilizado com suas palavras. Quanto à reprodução no seu blog - o qual já visitei e me tornei seguidor -, é uma honra!

Beijos e Muito Obrigado!

Anônimo disse...

Gostei imensamente do filme, uma das melhores produções brasileiras exibidas na tela grande em 2009:

http://cinemagia.wordpress.com/2009/06/19/resenhas-simonal/

Grande abraço,
Tommy
http://musicamagia.wordpress.com/
http://cinemagia.wordpress.com/

Martoni disse...

Exelente texto, parabens. Martoni