JOYCE
Feminina – Edição Comemorativa de 30o Aniversário
EMI
Quando o LP Feminina, de Joyce, foi lançado, em 1980, a excepcional cantora, compositora e violonista vivia um momento de enorme êxito por conta da bela Clareana, canção feita para as filhas Clara e Ana, as hoje cantoras Clara Moreno e Ana Martins (que, por sinal, participaram da gravação). O tema rendeu a Joyce popularidade em todo o país, por conta da aclamação popular no festival MPB 80, da TV Globo.
Àquela altura, a artista retomava a carreira, interrompida temporariamente pelo nascimento das filhas. Joyce experimentava maré das melhores, com canções sendo gravadas por alguns dos maiores nomes da música brasileira. Foi convidada pela EMI-Odeon a gravar um disco, que se chamou Feminina. Produzido pelo expert José Milton, o álbum trazia várias canções de que faziam sucesso em outras vozes, e que ganharam cor ainda mais especial com a autora. Entre elas Mistérios (parceria com Maurício Maestro), lançada pelo Boca Livre em seu primeiro disco, Essa Mulher (com Ana Terra), gravada originalmente por Elis Regina, Da Cor Brasileira (também parceria com Ana Terra), sucesso com Maria Bethânia e Feminina, que nas vozes do Quarteto Em Cy foi incluída na trilha sonora do seriado Malu Mulher.
Os outros temas eram o fascinante Banana, os ternos Coração de Criança (parceria com Fernando Leporace) e Compor, o emocionante Revendo Amigos, e o instrumental Aldeia de Ogum, que nos anos 90 gamhou as pistas de dança europeias a partir de remixes feitos pod DJs londrinos, o que abriu novos caminhos, mercados e possibilidades para o som de Joyce. O disco Feminina se baseou no tripé formado pelo violão de Joyce, o baixo de Fernando Leporace e a bateria de Tutty Moreno, com adendos preciosos como a guitarra de Hélio Delmiro, o piano do saudoso Helvius Vilela e as flautas de Mauro Senise e Danilo Caymmi, em arranjos assinados por Maurício Maestro, Gilson Peranzzetta e Fernando Leporace.
Há alguns anos, conversando com Joyce ela me disse que não sabia explicar o efeito de Feminina sobre as pessoas. ‘A todo instante vem alguém e me diz que Feminina foi o disco que mais marcou sua vida, e coisas assim. Talvez tenham sido o meu envolvimento com a volta à música e a energia impressa nele que acabaram tocando as pessoas’, analisou. O fato é que Feminina é um disco mágico, com canções de beleza deslumbrante e apurado trabalho instrumental e de produção. Em comemoração aos trinta anos do lançamento a EMI coloca no mercado uma reedição especial em embalagem digipack, com áudio remasterizado. No encarte, além das letras, fotos e ficha técnica completa, um belo texto de Joyce situando histórica e afetivamente o trabalho. Um clássico da Música Popular Brasileira, que merece figurar em qualquer acervo.
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