FRANK SINATRA & TOM JOBIM
Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim: The Complete Reprise Recordings
Sinatra Enterprises/Universal
No início de 1967, Frank Sinatra anunciou que gravaria pela primeira vez um disco ao lado de outro artista. O escolhido era o brasileiro Antonio Carlos Jobim. O maior cantor popular de todos os tempos e o criador da Bossa Nova se encontraram no Western Recorders, em Hollywood, e entre 30 de janeiro e 1o de fevereiro daquele ano gravaram, com arranjos e regência de Claus Ogerman, um dos melhores discos da história da música, Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, lançado pela Reprise, gravadora que pertencia a The Voice.
Com des canções, entre elas The Girl From Ipanema (Garota de Ipanema), Dindi, How Insensitive (Insensatez), Quiet Nights Of Quiet Stars (Corcovado) e standards americanos vertidos para a atmosfera da Bossa como Change Partners, I Concentrate On You e Baubles, Bangles And Beads, o álbum, ponteado pelos belos arranjos de Ogerman, o violão e eventuais vocais de Tom Jobim e Sinatra cantando ‘como se estivesse com faringite’, como ele próprio definiu à época, foi um sucesso. Um segundo volume entrou em planejamento, sendo gravado no mesmo estúdio entre 11 e 13 de fevereiro de 1969.
Os arranjos do novo disco – mais dez canções, desta vez todas de Tom Jobim com parceiros como Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Dolores Duran e Newton Mendonça devidamente vertidas para o inglês, entre elas Se Todos Fossem Iguais a Você, Samba de Uma Nota Só, Por Causa de Você e Estrada Branca – ficaram a cargo de Eumir Deodato, com regência de Morris Stoloff. O primeiro dia de gravações correu bem. O segundo e o terceiro, nem tanto. Sinatra mostrou certo desconforto com sua performance, principalmente em The Song of The Sabia (Sabiá), Off-Key (Desafinado) e Bonita (originalmente composta em inglês por Tom em parceria com seus versionistas oficiais para o inglês, Gene Lees e Ray Gilbert).
O disco foi prensado e começou a ser distribuído, com o título Sinatra-Jobim. Mas no dia do lançamento a gravadora Reprise foi surpreendida por um telefonema de Sinatra ordenando o cancelamento da distribuição. Ele recebera algumas cópias do disco em casa e decidira abortar o projeto por não gostar de sua performance em The Song Of The Sabia, Off-Key e Bonita. Pior: as cópias em fitas de oito pistas (formato da época para audição em automóveis) apresentavam Wave dividida ao meio, com uma parte em cada pista. Pouquíssimas cópias chegaram a ser comercializadas. Uma dessas, em fita de oito pistas, foi vendida em 2006 no site de leilóes EBay pela bagatela de US$ 4.550.
Com o projeto abortado, a Reprise teve que lançar às pressas outro disco de Sinatra, o conceitual Watertown, para suprir o mercado. Mas o cantor não desistiu das sete faixas do trabalho com Jobim que haviam ficado boas segundo sua avaliação. Dois anos depois, em 1971, as sete gravações vieram à luz como o lado A do LP Sinatra & Company, compilação montada pelos executivos da Reprise. No lado B, novas gravações de sucessos pop da época, com Sinatra escudado pelos arranjos do então novato Don Costa. O disco foi um sucesso.
Passados 43 anos do lançamento de Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim e 41 do não-lançamento de Sinatra-Jobim, as vinte gravações do cantor com o compositor brasileiro são reunidas, com áudio remasterizado, no álbum Francis Albert Sinatra-Antonio Carlos Jobim: The Complete Reprise Recordings. O encarte traz texto explicativo sobre o processo de gravação dos dois discos de Sinatra e Jobim. Documento de valor histórico e musical, que atesta os encontros mágicos de dois gigantes da canção popular.
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