Em 2005 Max de Castro e Wilson Simoninha, filhos do grande Wilson Simonal, foram surpreendidos por um e-mail de alguém que reclamava a não-inclusão do álbum México ‘70 na caixa Wilson Simonal na Odeon (1961-1971), lançada à época e que mapeava a carreira do cantor na hoje EMI. Os dois músicos pensaram tratar-se de um disco do pai gravado já fora da Odeon, o que por si só justificava sua ausência na caixa. Tempos depois, ao lerem matéria numa revista americana a respeito de Simonal, viram a capa do tal disco e constataram que se tratava sim de gravações na Odeon.
Depois de uma garimpagem nos arquivos da gravadora, Simoninha e Max foram juntando as peças do quebra-cabeças e chegaram ás matrizes do disco. Não há informações precisas quanto às datas de gravação, sabe-se apenas que após se apresentar no Midem (feira internacional da indústria fonográfica) em Cannes, França, no início de 1970, Wilson Simonal fez uma turnê de três meses pela Europa. Na volta, agendou sessões de gravação nos estúdios da Odeon, no Rio, onde podem ter sido gravadas sete faixas do que seria este disco (havia cinco outras canções registradas meses antes e lançadas em compacto). O cantor partiu logo depois para o México ao encontro da seleção brasileira de futebol e para uma série de shows naquele país. Com a vitória brasileira e o sucesso das apresentações, a subsidiária mexicana da gravadora lançou o álbum Mexico ‘70, que agora chega ao Brasil.
Entre os temas estão Aqui é o País do Futebol (Milton Nascimento/Fernando Brant), feita para o documentário Tostão, A Fera de Ouro, Kiki (Simonal/Nonato Buzar), Ave-Maria no Morro (Herivelto Martins), Garota de Ipanema (Tom Jobim/Vinícius de Moraes), Que Pena (Jorge Ben), uma canção inédita em italiano (Ecco Il Tipo Que Io Cercavo, de Nino Tristano), e dois clássicos de Burt Bacharach e Hal David interpretados em inglês, Raindrops Keep Fallin’ On My Head e I’ll Never Fall In Love Again (Simonal estaria negociando com o trompetista Herb Alpert, dono da A&M Records, o lançamento de um disco no mercado americano, daí o porque das gravações em inglês). Mais: Simonal teria dito á época que buscava algo diferente, que ele chamava de samba soul, e que estaria expresso neste disco. A base sonora foi feita pelo grupo do cantor e pelo insuperável Som Três – César Camargo Mariano (piano) e os saudosos Sabá (contrabaixo) e Toninho Pinheiro (bateria). Raridade felizmente recuperada.
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