sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ADONIRAN, VÍTIMA DO ‘POR (QUASE) TODA MINHA VIDA’…

ADONIRAN BARBOSA 3 POR TODA MINHA VIDA – ADONIRAN BARBOSA              
Docudrama de Fabrício Mamberti 
TV Globo

A TV Globo exibiu na noite de quinta-feira programa dadicado ao genial Adoniran Barbosa (1910-2010) dentro da série Por Toda Minha Vida. Dirigido por Fabrício Mamberti e gravado em 2008, teve o competente ator Marcelo Airoldi vivendo o compositor na época em que atingiu o sucesso. Na fase final de vida, Adoniran foi interpretado por Hugo Nápoli. Reside aí o primeiro erro. O compositor era magro, ao passo que o ator escolhido é um tanto gordinho e bochechudo. Pior: fisionomicamente em nada lembra o autor de genuínos retratos paulistanos como Trem das Onze, Samba do Arnesto e Saudosa Maloca.

MARCELO NÁPOLI Mas ocorreram deslizes também no enredo. Um dos episódios mais importantes da vida do compositor, a parceria com Vinícius de Moraes em Bom Dia, Tristeza, simplesmente foi omitido. O Poetinha, no final dos anos 50, mandou para Araci de Almeida carta com uns versos e a recomendação ‘faça o que quiser com eles’. Araci, que era colega de Adoniran na Rádio Record, deu os versos a ele, que colocou melodia. A canção tornou-se um clássico da música brasileira. O roteiro do especial, escrito por Tereza Frota com redação final de George Moura, sequer citou o fato…

POR TODA MINHA VIDA Outro erro, este por conta da estúpida guerra de audiência que a Globo trava com a Record: Adoniran Barbosa tornou-se artista de sucesso popular inicialmente no rádio, ao atuar no humorístico História das Malocas, escrito por Osvaldo Molles e transmitido pela Rádio Record. Em nenhum momento o nome da emissora foi mencionado. Já a Rádio Cruzeiro do Sul, onde o artista fez suas primeiras apresentações, e a TV Tupi, onde atuou na primeira versão da novela Mulheres de Areia, foram devidamente citadas, com a merecida importância. Mas em nome da disputa acirrada por pontos no Ibope, sacrificam-se fatos históricos e informações relevantes. Pelo menos a parte musical, com imagens de arquivo de Adoniran, Elis Regina, Demônios da Garoa, Clementina de Jesus e Carlinhos Vergueiro, valeu a pena.

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