CAETANO VELOSO
Zii e Zie
Mercury/Universal
Já vão longe os tempos de verborragia poética de Caetano Veloso. Os versos caudalosos foram substituídos por imagens e ideias condensadas, que igualmente mostram ser eficazes e criativas. Prova disso está em Zii e Zie, novo trabalho do músico baiano. Cantando ainda melhor e apoiando-se em base roqueira com a Banda Cê, formada pelos ótimos músicos que o acompanharam em Cê, o disco anterior - Pedro Sá (guitarra), Ricardo Dias (baixo), Marcelo Callado (bateria) - Caetano classifica as novas canções como transambas. O instrumental, caudaloso, é formado por solos estridentes, efeitos sonoros e distorções, num resultado harmônico e esteticamente rico, ao fundir elementos de origens diversas.
Se em Cê as letras diziam respeito ao universo pessoal de Caetano Veloso, no novo CD versam sobre temas mais gerais. Arguto observador do cotidiano, fala de uma bela mulher em A Cor Amarela, aborda o obscuro mundo das drogas em Falso Leblon, analisa a beleza do Rio de Janeiro em Sem Cais (parceria com Pedro Sá, co-produtor do álbum ao lado de Moreno Veloso), retrata o nascer, viver e crescer na miserabilidade em Perdeu (a temática lembra, de certa forma, O Meu Guri, de Chico Buarque) e traz para esse universo de observação da vida o grande samba Incompatibilidade de Gênios (João Bosco/Aldir Blanc). No total são treze faixas, entre sambas e canções. Em tempo: Zii e Zie significa 'tios' e 'tias' em italiano. Seria comum demais dizer que Caetano se reinventa, mas o fato é que não há mesmice em sua obra. Belo disco.
Site: www.caetanoveloso.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário