A EMI coloca no mercado a caixa O Canto da Cigarra Nos Anos 70, com os onze primeiros discos de Simone, todos gravados na EMI-Odeon entre 1973 e 1980, sendo oito solo e três coletivos. Um deles, Festa Brasil, gravado ao lado do violonista João de Aquino, estava inédito em CD. A produção da caixa é do jornalista e pesquisador Rodrigo Faour. Cada CD teve áudio remasterizado e vem com um depoimento inédito de Simone, falando do momento em que o trabalho foi produzido.
Simone, o disco de estreia, de 1973. traz a cantora em diversas regravações, entre elas Maior Que o Meu Amor (de Renato Barros, sucesso com Roberto Carlos), Tudo Que Você Podia Ser (de Lô e Márcio Borges, gravada originalmente por Milton Nascimento) e Bandeira Branca (marcha-rancho de Max Nunes e Laércio Alves, lançada por Dalva de Oliveira). Também em 1973 saiu Simone & Roberto Ribeiro à Bruxelles, com a participação também do violonista João de Aquino e que reproduzia o espetáculo que o trio apresentou em Bruxelas, Bélgica, com músicas como Voltei Pro Morro (Vicente Paiva/Luiz Peixoto) e Lamento Negro (Secundino/Humberto Porto), tema lançado nos anos 40 pelo Trio de Ouro (Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo Chagas). No mesmo ano Simone participou do show Expo-Som '73, realizado no Clube Pinheiros, em São Paulo, que reunia o cast da Odeon. Foram gerados alguns LPs intitulados Expo-Som '73 Ao Vivo, um deles trazendo Leny Andrade, Márcia, Simone e um sambista de nome Ary Vilela, cuja carreira não deslanchou. Nesse disco Simone canta Nem Eu, João Valentão e Coqueiro de Itapoan, todas de Dorival Caymmi, e Fechei a Porta, de Ferreira dos Santos.
Em 1974 saíram mais dois discos de Simone. Festa Brasil reuniu a cantora e João de Aquino e é um resumo do show que ambos apresentaram no Madison Square Garden, em Nova York, por sua vez fruto da turnê do ano anterior com Roberto Ribeiro (que não os acompanhou aos Estados Unidos). É o único ítem da discografia de Simone que não havia saído em CD. Entre os temas interpretados por ela estão Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira), Oração à Mãe Menininha (Caetano Veloso) e Sapos e Grilos (João de Aquino/Paulo Frederico). Quatro Paredes é o segundo disco de estúdio de Simone, com belíssimas regravações como De Frente Pro Crime, Bodas de Prata (ambas de João Bosco e Aldir Blanc) e Proposta (Roberto e Erasmo Carlos). Esta edição em CD traz como faixas bônus Fora de Hora e Salamargo, ambas de Eduardo Marques e Hermínio Bello de Carvalho, ambas gravadas por Simone para um disco de Hermínio.
Gotas D'Água, de 1975, é um dos discos mais bem sucedidos da cantora. Várias canções tocaram nas rádios, entre elas Gota D'Água (de Chico Buarque, feita para o musical homônimo, escrito por ele e Paulo Pontes), com participação de Milton Nascimento, Matriz ou Filial (Lúcio Cardim), Latin Lover (João Bosco/Aldir Blanc) e Outubro (Milton Nascimento/Fernando Brant). Como faixas bônus O Ronco da Cuíca (João Bosco/Aldir Blanc), lançada num compacto juntamente com Latin Lover, e O Que Será (À Flor da Terra), de Chico Buarque, tema do filme Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto. Em 1977 saiu Face a Face, outro sucesso estrondoso, com canções como Jura Secreta (Sueli Costa/Abel Silva), Face a Face (Sueli Costa/Cacaso) e Começaria Tudo Outra Vez (Gonzaguinha), que estão entre as melhores gravações de Simone até hoje.
Outro belíssimo disco de Simone é Cigarra, de 1978. Já com o prestígio consolidado, a cantora baiana veio com canções como Cigarra (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos), Diga Lá, Coração (Gonzaguinha) e regravações de As Curvas da Estrada de Santos (Roberto e Erasmo Carlos) e Ela Disse-me Assim (Lupicínio Rodrigues). Pedaços, de 1979, foi o quarto disco seguido de Simone a fazer enorme sucesso. Todas as onze faixas foram sucessos radiofônicos, entre elas Começar de Novo (Ivan Lins/Vitor Martins), Sob Medida (de Chico Buarque, gravada à mesma época também por Fafá de Belém), Cordilheira (Sueli Costa/Paulo César Pinheiro), Vento Nordeste (Sueli Costa/Abel Silva), Saindo de Mim (Ivan Lins/Vitor Martins) e Tô Voltando (Maurício Tapajós/ Paulo César Pinheiro), samba que refletia o estado de espírito do povo brasileiro, com a abertura política dando seus primeiros passos.
O ano de 1980 marcou o final do vínculo de Simone com a EMI Odeon. A cantora lançou dois discos, Simone Ao Vivo, gravado no Canecão (Rio) e Simone. O primeiro trazia vários sucessos e também canções inéditas na voz da cantora, entre elas Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores, de Geraldo Vandré, que se transformou num dos hinos da abertura política, Desesperar, Jamais, de Ivan Lins e Vitor Martins, e Não Sonho Mais (de Chico Buarque, para o filme República dos Assassinos, de Miguel Faria Jr.). Simone, o derradeiro disco de estúdio na Odeon, tinha canções como Mulher, e Daí?, Sangrando (ambas de Gonzaguinha) e Estrela da Canção (Ricardo Villas), dueto com Ângela Maria. Como bônus Eu, de Fátima Guedes, dueto com a autora, lançada no disco Lápis de Cor, de Fátima, que sairia em 1981. Ao sair da EMI Simone assinou com a CBS (hoje Sony Music), iniciando nova história de sucesso. Todos os CDs da caixa trazem capas e contracapas originais e reproduzem os selos dos LPs. Trabalho importante, que mapeia a primeira fase da carreira de uma das nossas melhores cantoras.
Site: www.simone.art.br
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