quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A EMOÇÃO DO SIMPLES


FERNANDA CUNHA & ZÉ CARLOS
Zíngaro
Cid



A parceria Tom Jobim - Chico Buarque rendeu poucas canções, mas todas são, indiscutivelmente, maravilhosas. Um dos grandes acertos da cantora carioca Fernanda Cunha em Zíngaro, seu terceiro disco, é abraçar esse cancioneiro de impressionante beleza e profundidade. Outro ponto positivo é o tratamento franciscanamente despojado dado às canções. Apenas a voz precisa e bonita da intérprete e o violão do brilhante Zé Carlos (ex-Grupo Abolição, de Dom Salvador, e Banda Veneno, de Erlon Chaves), sem firulas ou excessos. Abordagens enxutas, exatas, diretas. E nunca menos que emocionantes.

Fernanda é filha da saudosa Telma Costa, cantora que infelizmente gravou muito pouco e foi embora muito cedo. O maior êxito de Telma foi justamente uma canção de Chico e Tom, a valsa Eu Te Amo, tema do filme homônimo dirigido por Arnaldo Jabor e estrelado por Vera Fischer e Paulo César Peréio. Ela está aqui, em visão absolutamente pessoal de Fernanda, numa bonita homenagem à mãe (que era irmã de Sueli Costa, uma das maiores melodistas da nossa música).


As outras canções são igualmente deslumbrantes: Piano na Mangueira, ode à Escola que homenageou Chico e Tom em desfiles memoráveis, o bolero Anos Dourados, tema da minissérie homônima, a valsa Olha Maria, que tem também Vinícius de Moraes como parceiro, Retrato em Branco e Preto, uma das mais marcantes criações da dupla, a valsa Imagina, o xote A Violeira (do filme Para Viver Um Grande Amor, de Miguel Faria Jr, adaptação de Pobre Menina Rica, musical de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra), Meninos Eu Vi e Sabiá, um dos mais belos e dramáticos libelos contra a ditadura militar. Fernanda Cunha tem o cantar simples, que vem direto do coração, sem subterfúgios ou acrobacias técnicas desnecessárias. O violão sentido de Zé Carlos é a companhia perfeita. Um encontro que toca a alma.

Sites oficiais: www.fernandacunha.com.br e www.zecarlosguitar.com

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